Eugene Ionesco Quote

BÉRENGER - Eu não gosto muito de álcool. E, no entanto, se não bebo, não me sintobem. É como se eu tivesse medo... Então bebo para não ter mais medo.JEAN - Medo de que?BÉRENGER - Não sei bem como explicar. São umas angústias difíceis de definir. Nãome sinto à vontade na vida... No meio das pessoas... Então, recorro ao álcool. E isso meacalma, me descontrai, me faz esquecer.JEAN - Você se esquece de você mesmo!BÉRENGER - Estou cansado. Há muitos anos que me sinto cansado. Custa-me asuportar o peso do meu próprio corpo...JEAN - Isso é neurastenia alcoólica, é a melancolia do beberrão...BÉRENGER - (continuando) Eu sinto a cada instante o meu corpo, como se ele fossede chumbo, ou como se carregasse um outro homem nas costas. Ainda não me habitueicomigo mesmo. Eu não sei se eu sou eu. Mas basta beber um pouco, o fardo desaparecee eu me reconheço, eu me torno eu mesmo.JEAN - Escute, Bérenger. Isso são elucubrações. Olhe para mim: eu peso mais do quevocê, no entanto, eu me sinto leve! Leve! Leve!

Eugene Ionesco

BÉRENGER - Eu não gosto muito de álcool. E, no entanto, se não bebo, não me sintobem. É como se eu tivesse medo... Então bebo para não ter mais medo.JEAN - Medo de que?BÉRENGER - Não sei bem como explicar. São umas angústias difíceis de definir. Nãome sinto à vontade na vida... No meio das pessoas... Então, recorro ao álcool. E isso meacalma, me descontrai, me faz esquecer.JEAN - Você se esquece de você mesmo!BÉRENGER - Estou cansado. Há muitos anos que me sinto cansado. Custa-me asuportar o peso do meu próprio corpo...JEAN - Isso é neurastenia alcoólica, é a melancolia do beberrão...BÉRENGER - (continuando) Eu sinto a cada instante o meu corpo, como se ele fossede chumbo, ou como se carregasse um outro homem nas costas. Ainda não me habitueicomigo mesmo. Eu não sei se eu sou eu. Mas basta beber um pouco, o fardo desaparecee eu me reconheço, eu me torno eu mesmo.JEAN - Escute, Bérenger. Isso são elucubrações. Olhe para mim: eu peso mais do quevocê, no entanto, eu me sinto leve! Leve! Leve!

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About Eugene Ionesco

Eugène Ionesco (; French: [øʒɛn jɔnɛsko]; born Eugen Ionescu, Romanian: [e.uˈdʒen joˈnesku] ; 26 November 1909 – 28 March 1994) was a Romanian-French playwright who wrote mostly in French, and was one of the foremost figures of the French avant-garde theatre in the 20th century. Ionesco instigated a revolution in ideas and techniques of drama, beginning with his "anti play", The Bald Soprano which contributed to the beginnings of what is known as the Theatre of the Absurd, which includes a number of plays that, following the ideas of the philosopher Albert Camus, explore concepts of absurdism and surrealism. He was made a member of the Académie française in 1970, and was awarded the 1970 Austrian State Prize for European Literature, and the 1973 Jerusalem Prize.