Honore de Balzac Quote
Durante a rápida estação em que a mulher permanece em flor, os caracteres da sua beleza servem admiravelmente bem à dissimulação à qual a sua fraqueza natural e as leis sociais a condenam. Sob o rico colorido do seu viçoso rosto, sob o fogo dos seus olhos, sob a fina textura das suas feições tão delicadas, com tantas linhas curvas ou retas, mas puras e perfeitamente determinadas, todas as suas comoções podem permanecer secretas: o rubor então nada revela, aumentando ainda mais cores já tão vivas; todos os focos interiores concordam tão bem com a luz desses olhos brilhantes de vida que a fugaz chama de um sofrimento aparece apenas como um encanto a mais. Por isso, na da há mais discreto do que um rosto juvenil, porque também não há nada mais imóvel. A fisionomia de uma jovem tem a serenidade, o polido, o frescor da superfície de um lago; a das mulheres só se revela aos trinta anos. Até essa idade, o pintor só lhes acha no rosto róseos e brancos sorrisos e expressões que repetem um mesmo pensamento, pensamento de mocidade e de amor, pensamento uniforme e sem profundidade; mas, na velhice, tudo na mulher fala, as paixões incrustaram-se-lhe no rosto; foi amante, esposa, mãe; as mais violentas expressões de alegria e de dor acabaram por alterar-lhe, torturar-lhe o rosto, formando aí mil rugas, tendo todas uma linguagem; e uma fronte de mulher torna-se, então, sublime pelo horror, bela pela melancolia, ou magnífica pela serenidade; se se permite desenvolver esta estranha metáfora, o lago seco deixa então ver todos os traços das torrentes que o produzi ram; uma fronte de mulher velha já então não pertence nem ao mundo, que, frívolo, se assusta de ver a destruição de todas as idéias de elegância a que está habituado, nem aos artistas vulgares, que nada descobrem por aí; mas, sim, aos verdadeiros poetas, àqueles que possuem o sentimento de uma beleza independente de todas as convenções sobre as quais repousam tantos preconceitos sobre a arte e a formosura.
Durante a rápida estação em que a mulher permanece em flor, os caracteres da sua beleza servem admiravelmente bem à dissimulação à qual a sua fraqueza natural e as leis sociais a condenam. Sob o rico colorido do seu viçoso rosto, sob o fogo dos seus olhos, sob a fina textura das suas feições tão delicadas, com tantas linhas curvas ou retas, mas puras e perfeitamente determinadas, todas as suas comoções podem permanecer secretas: o rubor então nada revela, aumentando ainda mais cores já tão vivas; todos os focos interiores concordam tão bem com a luz desses olhos brilhantes de vida que a fugaz chama de um sofrimento aparece apenas como um encanto a mais. Por isso, na da há mais discreto do que um rosto juvenil, porque também não há nada mais imóvel. A fisionomia de uma jovem tem a serenidade, o polido, o frescor da superfície de um lago; a das mulheres só se revela aos trinta anos. Até essa idade, o pintor só lhes acha no rosto róseos e brancos sorrisos e expressões que repetem um mesmo pensamento, pensamento de mocidade e de amor, pensamento uniforme e sem profundidade; mas, na velhice, tudo na mulher fala, as paixões incrustaram-se-lhe no rosto; foi amante, esposa, mãe; as mais violentas expressões de alegria e de dor acabaram por alterar-lhe, torturar-lhe o rosto, formando aí mil rugas, tendo todas uma linguagem; e uma fronte de mulher torna-se, então, sublime pelo horror, bela pela melancolia, ou magnífica pela serenidade; se se permite desenvolver esta estranha metáfora, o lago seco deixa então ver todos os traços das torrentes que o produzi ram; uma fronte de mulher velha já então não pertence nem ao mundo, que, frívolo, se assusta de ver a destruição de todas as idéias de elegância a que está habituado, nem aos artistas vulgares, que nada descobrem por aí; mas, sim, aos verdadeiros poetas, àqueles que possuem o sentimento de uma beleza independente de todas as convenções sobre as quais repousam tantos preconceitos sobre a arte e a formosura.
Related Quotes
About Honore de Balzac
Owing to his keen observation of detail and unfiltered representation of society, Balzac is regarded as one of the founders of realism in European literature. He is renowned for his multi-faceted characters; even his lesser characters are complex, morally ambiguous and fully human. Inanimate objects are imbued with character as well; the city of Paris, a backdrop for much of his writing, takes on many human qualities. His writing influenced many famous writers, including the novelists Émile Zola, Charles Dickens, Marcel Proust, Gustave Flaubert, and Henry James, and filmmakers François Truffaut and Jacques Rivette. Many of Balzac's works have been made into films and continue to inspire other writers. James called him "really the father of us all."
An enthusiastic reader and independent thinker as a child, Balzac had trouble adapting to the teaching style of his grammar school. His willful nature caused trouble throughout his life and frustrated his ambitions to succeed in the world of business. When he finished school, Balzac was apprenticed in a law office, but he turned his back on the study of law after wearying of its inhumanity and banal routine. Before and during his career as a writer, he attempted to be a publisher, printer, businessman, critic, and politician; he failed in all of these efforts. La Comédie humaine reflects his real-life difficulties, and includes scenes from his own experience.
Balzac suffered from health problems throughout his life, possibly owing to his intense writing schedule. His relationship with his family was often strained by financial and personal drama, and he lost more than one friend over critical reviews. In 1850, Balzac married Ewelina Hańska (née Contessa Rzewuska), a Polish aristocrat and his longtime love. He died in Paris six months later.