Caio Fernando Abreu Quote

Meu Deus, não sou muito forte, não tenho muito além de uma certa fé - não sei se em mim, se numa coisa que chamaria de justiça-cósmica ou a-coerência-final-de-todas-as-coisas. Preciso agora da tua mão sobre a minha cabeça. Que eu não perca a capacidade de amar, de ver, de sentir. Que eu continue alerta. Que,se necessário, eu possa ter novamente o impulso do vôo no momento exacto. Que eu não me perca, que eu não me fira, que não me firam, que eu não fira ninguém. Livra-me dos poços e dos becos de mim, Senhor. Que meus olhos saibam continuar se alargando sempre. Sinto uma dor enorme de não ser dois e não poder assim um ter partido, outro ter ficado com todas aquelas pessoas.Volta a pergunta maldita: terei realmente escolhido certo? E o que é o certo? Digo que todo caminho é caminho, porque nenhum caminho é caminho. Que aqui ou lá - London, London, Estocolmo, Índia - eu continuaria sempre perguntando. Minhas mãos transpiram, transpiram. O nariz seco por dentro. Não quero escrever mais nada hoje.

Caio Fernando Abreu

Meu Deus, não sou muito forte, não tenho muito além de uma certa fé - não sei se em mim, se numa coisa que chamaria de justiça-cósmica ou a-coerência-final-de-todas-as-coisas. Preciso agora da tua mão sobre a minha cabeça. Que eu não perca a capacidade de amar, de ver, de sentir. Que eu continue alerta. Que,se necessário, eu possa ter novamente o impulso do vôo no momento exacto. Que eu não me perca, que eu não me fira, que não me firam, que eu não fira ninguém. Livra-me dos poços e dos becos de mim, Senhor. Que meus olhos saibam continuar se alargando sempre. Sinto uma dor enorme de não ser dois e não poder assim um ter partido, outro ter ficado com todas aquelas pessoas.Volta a pergunta maldita: terei realmente escolhido certo? E o que é o certo? Digo que todo caminho é caminho, porque nenhum caminho é caminho. Que aqui ou lá - London, London, Estocolmo, Índia - eu continuaria sempre perguntando. Minhas mãos transpiram, transpiram. O nariz seco por dentro. Não quero escrever mais nada hoje.

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About Caio Fernando Abreu

Caio Fernando Loureiro de Abreu (September 12, 1948 – February 25, 1996), best known as Caio Fernando Abreu, was one of the most influential and original Brazilian writers of the 1970s and 1980s. Caio F., as he habitually signed his letters, was born in Santiago do Boqueirão in the state of Rio Grande do Sul in 1948, and died in Porto Alegre in 1996.
Abreu studied at the Universidade Federal do Rio Grande do Sul but abandoned academia before graduating to write for pop culture magazines such as Revista Nova, Revista Manchete, Revista Veja and Revista Pop. He was a prolific journalist and literary writer. He wrote short stories, novels, chronicles or crônicas, drama, and he also maintained throughout his life an extensive correspondence with other writers and artists, family and friends.
In 1968, Abreu was put on the wanted list by the DOPS or the Departamento de Ordem Política e Social, a repressive branch of the Brazilian government that operated during years when the repressive military dictatorship was in power, but found refuge at the country estate of Brazilian writer Hilda Hilst, located near the city of Campinas, in state of São Paulo. During the early '70s he spent one year in self-exile in Europe, spending time in England, Sweden, France, the Netherlands and in Spain.
In 1983, he relocated from his native Porto Alegre, the capital of Rio Grande do Sul, to the city of Rio de Janeiro; and in 1985, he moved to the city of São Paulo. Abreu then return again to France in 1994 where he found out that he was HIV positive. That same year, he returned home to Porto Alegre permanently to live with his parents. He enjoyed gardening before dying there two years later.